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domingo, 4 de março de 2018

MEUS DOIS DEDOS DENTRO DE VOCÊ E SEUS CINCO NA MINHA FERIDA





                 Não consigo mais te olhar como os olhos de quem ama.    
             KABOOM

          Essa frase foi como um trovão rasgando o céu. Ou será que era mais como uma bomba nuclear em meio ao fim de uma guerra fria dando inicio ao caos?   

            É, eu não consigo mais te olhar com os mesmos olhos desde que você deixou que outra pessoa bagunçasse a gente. 

         Ninguém é obrigado a ficar, mas também ninguém tem o direito de te balançar do meu galho e te fazer cair de mim sem antes estar totalmente maduro.   
       Você disse tchau, como quem diz oi. Como quem tem facilidade em ir. Como quem com ferro fere e com ferro nunca será ferido. E eu corri pro mais longe que eu pude porque há dias que doem mais do que outros.  

             Onde mesmo foi que eu fiquei dentro de você a não ser nas partes que lhe escorreram entre as pernas?     

          Você fez o amor doer e me sinto mal quando digo isso porque parece cruel. Mas ninguém me avisou desse risco e tolo que fui entreguei tudo o que eu tinha pra você e nem pensei em me poupar do desgaste de ter que recolher tudo depois.    
          Você entrou naquele trem e poderia me levar facilmente, mas optou por me deixar aqui sangrando.        

            Enquanto eu estava com meus dois dedos dentro de você, cê não hesitou em cravar seus cinco dentro da minha ferida. Onde mesmo foi que eu fiquei dentro de você a não ser nas partes que lhe escorreram entre as pernas?          

            Enquanto eu planejava uma vida com você, parece que você planejava um jeito de me deixar.

            To te escrevendo isso porque você precisa saber que não se bagunça o mundo de alguém assim e depois sai correndo como se tivesse sendo uma criança bagunceira que aperta a campainha da vizinha e desaparece na rua escura.   

            É, eu precisei ser gente grande pra saber lidar com isso e até aprendi que os outros são só os outros e que pessoas possuem felicidades individuais as minhas e por mais que tudo o que eu queria era que a sua felicidade fosse estar comigo, precisei aceitar ser contrariado. E meu ego não podia me derrubar. Não dessa vez porque certamente eu não conseguiria me levantar. 

         Aprendi sobre o amor genuíno. “Eu te amo tanto mesmo estando longe de mim. Te amo tanto e por isso quero que você seja feliz”.               

            E a minha conclusão de tudo isso é que a vida não para pra ninguém se recuperar de uma queda, e da mesma forma o tempo não tira de você um amor verdadeiro, você apenas esquece ele em um canto porque precisa se preocupar outras prioridades que surgem para você lidar.         

         Não estou te esperando me puxar pelo braço e me pede perdão nas ruas quentes de São Paulo ou na escuridão do seu novo apartamento mal iluminado. Não estou te esperando voltar e não pretendo ser mais a sua prioridade. Você não está mais nos meus planos, mas carimbou seu rastro na minha terra mesmo quando deveria ter se enraizado.

             Acho que a ferida que você abriu, já fechou.     

             Mas em dias chuvosos, quando me lembro da nossa historia ou quando volto naquela mesma estação, ela sempre arde.     




Bruno Figueredo

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